Introdução: A retopexia anterior, proposta por Loygue nos anos 1980, foi adaptada para videolaparoscopia. Sua difusão para o tratamento da procidência retal aumentou por apresentar menores índices de lesão nervosa do plexo hipogástrico, consequentemente menos constipação a partir do procedimento. Isso motivou seu uso para o manejo também da evacuação obstruída.
Objetivo: Demonstrar a técnica de retopexia anterior com tela laparoscópica para o manejo de caso complexo de retocele recidivada associada a obstrução evacuatória.
Método: Paciente de 37 anos com queixa de esforço evacuatório excessivo com evacuação incompleta e necessidade de manobras digitais vaginais e anais, além de duchas higiênicas para o esvaziamento da ampola retal. Antecedentes pessoais: quatro partos vaginais e três tentativas de correção de retocele, duas por via perineal com tela absorvível e uma transanal com grampeador mecânico. A videodefecografia mostrava retocele grau 3 com retenção de contraste, além de intussuscepção retoanal e descenso perineal. O tempo de trânsito colônico era normal. Paciente em posição de semilitotomia sob efeito de anestesia geral. Técnica feita com cinco trocartes. Dissecção do peritônio de lateral direita para anterior, adentra o septo retovaginal, com auxílio de pinça ultrassônica. Disseção até o terço distal da vagina. Aplicação de tela de polipropileno de baixa gramatura na parede anterior do reto, é fixada com três linhas de sutura absorvíveis, desde o nível dos músculos elevadores do ânus até o reto superior. A seguir a tela é ancorada ao promontório com três pontos, a seguir recoberta por linha de sutura peritoneal contínua.
Resultados: Evolução satisfatória, com alta no terceiro PO após apresentar evacuações. Em seguimento de um ano apresenta‐se sem recidiva ou complicações relacionadas à tela.
Conclusão: A retopexia anterior com tela laparoscópica mostrou‐se factível, segura e eficaz para o manejo de caso complexo de retocele recidivada com obstrução evacuatória.