Em 2009, Ramos et al. mostrou que a ressecção anterior do reto baixa ou ultrabaixa com excisão total do mesorreto e preservação dos nervos pélvicos, seguida de anastomose colo‐anal com bolsa colônica em J por duplo grampeamento, é vista como “padrão ouro” desse inicio do milênio para o tratamento do câncer colorretal.
Resumo clinico: Masculino, 80 anos, apresenta há cinco meses sangramento retal cuja colonoscopia evidenciou uma lesão neoplásica a cerca de 6cm da margem anal. Relata ter sido submetido a prostatectomia robótica por neoplasia de próstata em 2015. O estadiamento foi realizado com tomografia computadorizada de tórax que evidenciou raros micronódulos pulmonares esparsos, um calcificado (sequelar) no lobo inferior esquerdo e os demais sem calcificações, inespecíficos, ressonância magnética do abdome e pelve onde obervou‐se uma formação cística com paredes discretamente espessadas, medindo 4,3cm, junto aos vasos ilíacos à direita, sugestiva de linfocele; lesão expansiva polipoide, localizada na parede anterior do reto (11 hr a 1 hr), que dista 5,5cm da borda anal e a sua margem distal está localizada cerca de 2,0cm do anel anorretal e tem extensão longitudinal de 4,0cm e sua margem cranial está localizada abaixo da reflexão peritoneal. A lesão estende‐se por 10mm além da camada muscular (rmT3c), sendo visualizado um linfonodo mesorretal discretamente heterogêneo, suspeito (rmN1). A porção mais infiltrativa da lesão está localizada à 1 hora e tem distância mínima de 2mm para a fáscia mesorretal. A fáscia mesorretal está livre. Existem sinais de invasão vascular extramural de veias de médio calibre. Não se identificam linfonodos laterais pélvicos suspeitos. O CEA era 14 microgramas/L.
Impressão e conduta: Trata‐se de um paciente idoso, com adenocarcinoma de reto baixo cT3N1 (linfonodo contido na fáscia mesoretal). Discutido amplamente com o paciente e sua família sobre os pros e contras entre o tratamento neoadjuvante versus tratamento cirúrgico, onde em conjunto com a oncologia foi optado pela retossigmoidectomia laparoscópica com confecção de ileostomia protetora temporária. Realizado retossigmoidectomia por via laparoscópica com anastomose colorretal ultrabaixa com linfadenectomia e confecção de ileostomia protetoria. Evolui bem sem intercorrências com alta no 7 PO para seguimento ambulatorial.