Introdução: A quimioradioterapia neoadjuvante (QRT) seguida de cirurgia pode resultar em uma resposta patológica completa em até 15–30% dos casos. Novas tendências sugerem a possibilidade de seguimento clínico após QRT em casos de boa resposta tumoral.
Método: O.C.G., feminino, 55 anos, hipertensa, com diagnóstico prévio de doença policística hepatorrenal. Paciente com queixa de hematoquezia e tenesmo há 1 ano, realizou colonoscopia com achado de lesão vegetante a 2cm da borda anal (BA), estadiamento inicial T3bN0M0. Indicada terapia neoadjuvante com 5FU, e radioterapia totalizando 5040cGy. Reestadiada após 8 semanas com toque retal (TR), TC tórax e abdome e RNM pelve. Ao TR identificada cicatriz em parede posterior a 4cm BA, avaliado como resposta clínica completa (cCR), assim como na RNM de pelve e retoscopia. Proposta então vigilância ativa com retorno mensal para TR e exames de imagem seriados. Após 11 meses de cCR, TR com espessamento em cicatriz prévia confirmada recrudescência com retoscopia evidenciando lesão plano‐elevada adjacente à cicatriz, com vasos irregulares na superfície (biópsia: adenocarcinoma). Encaminhada para resgate cirúrgico: retossigmoidectomia VLP com excisão total do mesorreto, dissecção interesfincteriana e anastomose coloanal manual com ileostomia de proteção. No ato cirúrgico utilizado verde de indocianina peritumoral com injeção de 0,2ml em cada quadrante por anuscopia. No tempo perineal incisão ao nível de linha pectínea 1cm abaixo do tumor, dissecção interesfincteriana cincunferencial até cavidade abdominal, exteriorizado peça via anal. Confirmação de margens livres por congelação. Realizada anastomose coloanal manual, confirmada vascularização da área da anastomose através da injeção de verde de indocianina IV. Anatomopatológico foi conclusivo para adenocarcinoma tubular invasivo, ypT2N0, margens livres. Paciente com boa evolução, recebeu alta no 8° PO.
Resultado: O sucesso da estratégia de observação depende de um seguimento criterioso, e da identificação oportuna de falha da cCR, garantindo a eficácia dos tratamentos de resgate. A vigilância ativa com TR, endoscopia e RNM é uma estratégia precisa para identificar o recrudescimento da lesão nos pacientes em que a preservação do órgão é considerada após QRT.
Conclusão: A vigilância ativa com avaliações meticulosas dos pacientes com cCR são cruciais para o sucesso das estratégias de tratamento e garantir o resgate cirúrgico efetivo quando necessário.