Introdução: O câncer de canal anal representa de 2 a 4% dos casos de neoplasias do trato digestivo baixo. O carcinoma de células escamosas (CCE) representa 85% desses tumores. Sua incidência aumentou após os anos 1980, provavelmente em função da transmissão sexual do papiloma vírus humano. Sabe‐se que 20% dos pacientes são assintomáticos, a dor e o sangramento são os sintomas mais comuns, podem ser confundidos com as doenças hemorroidárias. Desde a publicação de Nigro et al. em 1974, a combinação de quimio e radioterapia tem sido o tratamento de escolha. No entanto, pacientes com persistência ou recidiva local podem ser encaminhados para tratamento cirúrgico de resgate.
Relato de caso: Série de dez casos de pacientes com CCE de canal anal tratados pela equipe de coloproctologia da Santa Casa de Belo Horizonte. Dos dez pacientes diagnosticados e tratados, dois tiveram resposta incompleta com esquema de quimio e radioterapia e foram encaminhados para cirurgia – amputação abdomino‐perineal de reto. Seis pacientes tiveram resposta completa e foram considerados curados pelo esquema de quimio e radioterapia, porém dois desses tiveram sequela importante do tratamento de radioterapia: um deles fratura de sacro e outro fibrose perineal importante, com indicação cirúrgica. Um paciente apresentou recidiva com doença extensa após tratamento clínico. E por fim uma paciente foi encaminhada para cirurgia devido quadro de dor perineal intensa após radioterapia, porém a biópsia revelou resposta incompleta ao tratamento clínico.
Conclusão: O câncer de canal anal, do tipo histológico carcinoma de células escamosas, tem sua incidência em crescimento. Como primeira opção, temos o tratamento clínico, com quimio e rapioterapia. Alguns pacientes serão encaminhados para tratamento cirúrgico, por resposta incompleta ao tratamento clínico ou por sequelas decorrentes desse tratamento.