Introdução: Considerado um anticorpo recombinante monoclonal IgG1, o adalimumabe, neutraliza a atividade do fator de necrose tumoral alfa (TNF‐α) ao se ligar ao mesmo. Por se tratar de uma droga totalmente humana, é esperado que cause pouca resposta imunológica ou insignificante. Os efeitos adversos mais importantes relacionados ao seu uso são síndrome nefrótica, indução de doença pulmonar intersticial, citopenias, elevação de transaminases e reações alérgicas, sendo estas últimas raras (1,5 a 11%).
Relato de caso: Relata‐se uma série de casos de 3 pacientes femininas, de 25, 32 e 36 anos, com Doença de Crohn moderada a severa evoluindo com o uso de biológico, o adalimumabe. A 1ª, em uso de 6‐mercaptopurina associado ao Humira. A seguinte, fez uso prévio de Azatioprina sendo interrompido devido pancreatite, usando apenas Adalimumabe. A última, 36 anos, em uso de Azatioprina e Adalimumabe. Apresentaram reação cutânea adversa após a aplicação da medicação, essa fora uma reação eritematosa com diâmetro de cerca de 7cm, com calor, edema brilhoso e dor ao toque, sem sintomas sistêmicos. As lesões duravam cerca de 3 dias, autolimitadas, mas com recorrência e piora progressiva dos sintomas a cada aplicação. Realizada terapêutica com Mometasona tópica e com Loratadina sistêmica, sem melhora do quadro, além da não aplicação da ampola recém tirada do congelador, e de ajustes no intervalo das doses. Após falha de todas as tentativas e persistência e progressão dos sintomas, fora optado por suspensão e mudança de medicação.
Discussão: Os casos aqui relatados, vão de encontro ao que a literatura expõe, ao trazer 3 casos de reações cutâneas no local da aplicação, relacionadas ao uso do adalimumabe, as quais são raras e inespecíficas dessa medicação. Quanto aos excipientes da sua formulação, não foram encontrados estudos demonstrando reações cutâneas associadas a sua aplicação e, desta forma, não há base científica, até o presente momento, para atribuí‐los como causa. Assim, a terapêutica se restringiria a sintomáticos, sem a necessidade da suspensão da droga, o que não foi possível nos casos. Além disso, a progressão das lesões a cada aplicação da droga sugere o risco de evolução para um quadro mais grave, o que sustenta a necessidade de substituição da medicação.
Conclusão: Nota‐se a carência de estudos quanto a causa dessas reações cutâneas, a fim de elucidar o seu manejo, devido ao dano causado pela necessidade de troca ou suspensão da droga.