Área: Doenças Inflamatórias Intestinais
Categoria: Estudo clínico não randomizado
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): A colonoscopia é importante exame para diagnóstico e seguimento da doença de Crohn (DC). Tem especial função no manejo dos pacientes submetidos a ileocolectomias (IC), uma vez que pode avaliar recorrência endoscópica ileocólica e tem possibilidade de realizar dilatações endoscópicas. Este estudo tem como objetivo relatar as colonoscopias realizadas em pacientes previamente submetidos a IC, avaliando seu impacto no manejo e evolução da doença.
Método: Entre janeiro de 2014 e maio de 2018, foram realizadas 116 colonoscopias em 62 pacientes portadores de DC que foram submetidos a IC por complicações da doença. Foram relatados dados demográficos, antecedentes pessoais e familiares, uso de medicações, escore clínico de Harvey‐Bradshaw (HBI), achados endoscópicos, mudanças na conduta terapêutica e realização de novas cirurgias. Para classificação de atividade endoscópica de doença foi utilizado o escore de Rutgeerts (ER), sendo considerado como recidiva endoscópica (RE) escore maior ou igual a i2. Para análise estatística, foi utilizado o software SPSS 20.0.
Resultados: Do total de pacientes, 38,7% eram do sexo masculino, o qual mostrou‐se como fator de risco para a RE (p<0.05). O tempo médio de doença foi de 156 meses (12‐385). A prevalência do tabagismo foi de 17,7%, sendo outro fator de risco para a RE (p<0.05). Havia antecedente familiar de DC em nove pacientes (14,5%). O HBI mostrou baixa sensibilidade para predizer a RE. Do total de pacientes, 45 deles referiam uso regular de medicação, enquanto oito deles referiam uso irregular, e nove pacientes estavam sem medicação. Apesar da ausência de significância estatística (p=0.15), o uso de comboterapia esteve menos associado à RE quando comparado a outras terapias. Quanto ao ER, 36 pacientes eram i0; 18 pacientes i1, 38 pacientes i2; 5 pacientes i3; e finalmente, 16 pacientes i4. No seguimento, os pacientes com RE tiveram maior frequência de otimização e/ou troca de medicação (p<0.05). Nenhum dos doentes classificados como i0, i1, i2 e i3 necessitou de nova cirurgia no seguimento. Dois pacientes classificados como i4 tiveram indicação de nova IC. Demonstrou‐se a presença de estenose ileocólica em 23 exames, sendo 16 por doença ativa e constituindo‐se em outro fator de risco para a atividade endoscópica (p<0.05). Foi realizada dilatação com balão hidrostático em um paciente com estenose ileocólica cicatricial, sem intercorrências. Não houve casos de perfuração ou sangramento.
Conclusão(ões): O seguimento colonoscópico das IC por DC deve ser realizado de rotina. Em nossa amostra, cerca de 46% dos pacientes estava em remissão endoscópica. Diferente de relatos prévios na literatura, a maioria dos pacientes classificados como i3 e i4 conseguiram ser manejados clinicamente, com baixa taxa de cirurgia no seguimento (cerca de 5%). Foram fatores associados à recidiva endoscópica o sexo masculino, tabagismo e presença de estenose.