Área Doenças Anorretais Benignas
Categoria Pesquisa básica
Forma de Apresentação Tema Livre (apresentação oral)
Objetivo(s) Analisar retrospectivamente a experiência e resultados do tratamento cirúrgico de fístula retovaginal (FRV) e retovesical (FV) do serviço de fisiologia anorretal de um hospital de ensino.
Método Análise retrospectiva através de prontuário de 17 pacientes submetidos à correção de FRV e três submetidos à correção de FV entre outubro de 2010 e abril de 2019.
Resultados Dos 20 pacientes operados, 15 (75%) eram do sexo feminino, três do sexo masculino (15%) e dois transexuais masculinos (10%), com média de IMC de 28,62 e de idade de 47,9 anos. Entre as etiologias das FRV, encontram‐se: sete cirúrgicas (35%), três obstétricas (15%), duas por doença de Crohn (10%), uma por empalamento (5%), uma por corpo estranho (5%), duas por radioterapia (10%) e uma espontânea (5%), totalizando 17 pacientes. Os três pacientes restantes desenvolveram FV no tratamento de neoplasia de próstata, sendo dois após prostatectomia radical (10%) e um após radioterapia (5%). No total, foram realizadas 36 cirurgias para correção de FRV e FV (média de 2,11 procedimentos por paciente), sendo que 28 ocorreram no nosso serviço. O sucesso para as FV foi de 100%, sendo todos os pacientes submetidos à interposição do músculo grácil com ileostomia prévia de proteção, revertida em todos eles. Na correção das FRV, as técnicas cirúrgicas utilizadas foram: abaixamento de cólon com rafia de vagina; fistulectomia com esfincteroplastia e retalho de avanço miomucoso; retalho de avanço miomucoso e cutaneomucoso endorretal; fistulotomia com colocação de sedenho; ligadura interesfincteriana do trajeto fistuloso associado a outras técnicas cirúrgicas (perineoplastia, retalho de avanço miomucoso, perineoplastia, rafia da vagina, retalho de gordura perirretal e plicatura do músculo elevador do ânus); cola de fibrina; retalho de Martius; e retalho de músculo grácil. Seis dos 17 pacientes precisaram de ostomia de proteção (35,3%), dos quais três tiveram o trânsito intestinal reconstruído até o momento do presente estudo. O sucesso inicial das técnicas cirúrgicas utilizadas para correção de FRV foi de 47% e o sucesso final após repetidas tentativas cirúrgicas de correção foi de 95%. Apenas um dos 17 pacientes operados não obteve sucesso na última abordagem e necessitou de ileostomia de proteção para programação de nova tentativa de tratamento cirúrgico.
Conclusão(ões) O tratamento da FRV e da FV é desafiador devido à altas taxas de recorrência e atualmente nenhuma intervenção cirúrgica é universalmente indicada como melhor opção, devendo‐se individualizar cada caso. Nas fístulas simples a escolha inicial de tratamento cirúrgico é por procedimentos menos invasivos, enquanto nas fístulas complexas a rotação de retalho para correção do defeito, como o de Martius e o de músculo grácil, pode favorecer o prognóstico com mais altas taxas de cicatrização.