Introdução: Os tumores pré‐sacrais podem ser classificados em diversas categorias, congênitos, neurogênicos, ósseos e mistos, dependendo da origem embriológica. Podem assumir quadros clínicos variados e sua importância se dá pelos sintomas associados e pelo risco de malignidade.
Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, 37 anos, com queixa de constipação e dor pélvica crônica. Ao toque retal palpava‐se massa retrorretal com deslocamento anterolateral do reto. Achado que foi melhor avaliado pela ressonância magnética nuclear: massa cística pré‐sacral. Foi submetida à ressecção da lesão via períneo posterior, com ressecção do cóccix. A análise histológica identificou um teratoma maduro. Evoluiu com melhora dos sintomas e atualmente segue acompanhamento pós‐operatório.
Discussão: Tumores pré‐sacrais são raros, podendo alcançar incidência de um caso a cada 40.000 internações hospitalares. O espaço pré‐sacral abrange tecidos germinativos complexos, importantes no desenvolvimento embriológico, assim, células totipotentes podem ser identificadas. Os teratomas sacrococcígeos são incluídos nos tumores pré‐sacrais, sendo originados das células germinativas multipotentes. O termo teratoma vem do grego “teras” que significa deformado ou monstro e “oma”, tumor. São encontrados mais frequentemente na infância, em associação com outras anomalias anorretais, vertebrais e do trato urinário, sendo achado menos comum em adultos. Ocorre prevalência no sexo feminino (4:1), com um caso a cada 30.000 nascimentos. O quadro clínico encontrado em adultos é associado à massa compressiva pélvica, que pode cursar com sintomas indolentes, com dor pélvica crônica, alterações intestinais, incontinência urinária e varizes de membros inferiores. Podem ser divididos conforme a diferenciação celular (maduros ou imaturos), ou, ainda, conforme sua localização, pélvica ou extrapélvica, sendo tipos III e IV (intrapélvicos) os mais comuns do adulto. O tratamento em geral é cirúrgico, com cuidadoso planejamento, já que a localização envolve estruturas vasculares e nervosas importantes. Os teratomas apresentam bom prognóstico, com baixo risco de malignidade, sendo mais comum sua recorrência, risco aproximado de 37% após a ressecção.
Conclusão: Os teratomas maduros são causa de dor pélvica crônica, com quadro clínico arrastado e diagnóstico por vezes difícil. Sendo assim, faz parte importante no diagnóstico diferencial a ser lembrado.