Introdução: A procidência de reto acomete principalmente mulheres idosas e multíparas. Pode causar incontinência fecal, comprometendo a qualidade de vida. O tratamento cirúrgico é a única forma de tratamento definitivo e a cirurgia de Delorme é uma opção eficaz e com baixa morbidade.
Objetivo: Demonstrar a cirurgia de Delorme associada a esfincteroplastia para o tratamento de procidência de reto com incontinência anal.
Métodos: Paciente A.C.O., 71 anos, mulher, com antecedente de retossigmoidectomia por megacólon chagásico e colectomia direita por brida, ambos há 13 anos. Há 7 anos fui submetida a miotomia com fundoplicatura por megaesôfago e, no mesmo ano, a uma sacropromontofixação por procidência de reto. Após 4 anos, evoluiu com recidiva da procidência associada a incontinência anal, com score de Wexner de 17/20. Ao exame, notava‐se prolapso de parede total do reto à manobra de Valsalva com 3cm de extensão. A paciente tinha uma colonoscopia normal e uma manometria que mostrava canal anal ausente, reflexo inibitório reto‐anal duvidoso, hipotonia das pressões de repouso e de contração voluntária e sinais de contração paradoxal do puborretal. Optou‐se por um acesso perineal devido às cirurgias abdominais prévias. O procedimento começa com a paciente em posição de litotomia, sob raquianestesia. Realiza‐se uma incisão na mucosa 1cm acima da linha pectínea, com desenluvamento da mucosa e com exposição da camada muscular. É realizada então plicatura da camada muscular circunferencialmente, reduzindo o prolapso. Optou‐se por realizar plicatura do m. esfíncter interno do ânus em sua porção posterior, como parte da esfincteroplastia. Procede‐se então com a sutura da mucosa, fechando a incisão.É feita uma incisão transversa no corpo perineal, com exposição do m. esfíncter externo do ânus e plicatura do mesmo. Em seguida, é realizado o fechamento do períneo.
Resultados: A paciente evoluiu bem, porém demorou a apresentar evacuação espontânea, tendo sido necessário realizar enema no 6° pós‐operatório. Recebeu alta no 10° pós operatório, com bom trânsito intestinal e ferida em bom aspecto. Atualmente encontra‐se no 8° mês após a cirurgia, com melhora da incontinência (score de Wexner de 11) e sem recidiva da procidência.
Conclusão: A cirurgia de Delorme é uma opção segura para o tratamento da procidência do reto, principalmente em situações em que a via abdominal é dificultosa e pode ser associada a esfincteroplastia no mesmo tempo cirúrgico.