Introdução: A Doença de Crohn caracteriza‐se por um processo inflamatório transmural e granulomatoso não caseificante, que atinge todo o tubo digestivo com lesões descontínuas. Pode apresentar complicações como perfuração, sangramentos, megacolon tóxico, estenoses, fístulas.
Relato de caso:C.B.G., masculino, 33 anos, deu entrada no hospital com queixa de dor abdominal em região hipogástrica, em cólica, intermitente, de forte intensidade, associada à diarreia não invasiva, e perda ponderal de 6kg em 2 meses. Ao exame físico apresentava hipertimpanismo difuso, deslocamento gasoso a palpação e perilstase visível. Em colonoscopia, retite e colite de sigmóide de leve intensidade e dólico cólon. Biópsia de reto e sigmoide evidenciando retite e colite microerosiva discreta, permeação neutrofilica do epitélio de revestimento glandular e edema de lâmina própria, sem granulomas e fissuras. Zonas estenóticas intestinais delgadas nas porções de transição jejuno ileal e íleo proximal visíveis à RNM. Durante a internação, foi realizado terapia nutricional pré‐operatória e ressecção de segmento estenosado com anastomose primária latero‐lateral jejuno‐ileal. Paciente teve boa evolução pós‐operatória, sem complicações.
Discussão: O curso e o prognóstico da doença de Crohn são variáveis e difíceis de prever. A maioria dos pacientes apresenta um fenótipo inflamatório no momento do diagnóstico e, podem evoluir com estenoses e/ou fístulas. O controle da inflamação crônica pode prevenir tais complicações. O uso de imunobiológicos anti‐TNF reduz a necessidade de realização de cirurgia, visto que, diminuem o processo inflamatório e suas consequentes complicações; no entanto, quando presentes, a intervenção cirúrgica é necessária. O tratamento cirúrgico é a primeira estratégia de resgate em pacientes com doença de Crohn refratária a esteroides ou refratária ao uso de imunomoduladores. A intervenção cirúrgica com ressecção intestinal e anastomose tem sido considerada uma estratégia de apoio nesses pacientes e naqueles que apresentam complicações. A anastomose latero‐lateral é a técnica cirúrgica preferida, com diminuição das taxas de deiscência de anastomose e estenoses, entre outras complicações pós‐operatórias.
Considerações finais: O tratamento indicado para pacientes com doença de Crohn estenosante é a ressecção intestinal e anastomose latero‐lateral.