Introdução: Os tumores neuroendócrinos (NETs) anorretais se originam das células enterocromafins. A localização no trato gastrointestinal (TGI) representa 64% dos casos. São mais comuns entre homens na sexta década de vida, a maioria é assintomática. Alguns cursam com sangramento retal, dor, tenesmo e emagrecimento. Não são capazes de manifestar a síndrome carcinoide, pois não produzem serotonina. O tamanho tumoral, o grau de mitose e o marcador KI67 se associam à probabilidade de metástases. Tumores maiores do que 2cm, ou entre 1 a 2cm, com invasão da camada muscular própria têm indicação de cirurgia radical. A sobrevida após cinco anos é de 63%.
Relatos de caso: 1) L.T.B., 66 anos, feminino, cursava com hematoquezia. Lesão de 1cm, amarelada, endurecida, a 10cm da margem anal. Feita ecoendoscopia retal, que confirmou doença da submucosa, PAAF evidenciou tumor neuroendócrino grau I. Imuno‐histoquímica positiva para KI‐67, com menos de 2% de células positivas, e positividade para CD56. Foi submetida a retossigmoidectomia abdominal. Biópsia com tumor neuroendócrino de baixo grau de 1cm, comprometia a submucosa. Margens cirúrgicas livres. Evoluiu sem intercorrências no pós‐operatório. 2) Paciente masculino, 81 anos, referia ardência às evacuações e história prévia de radioterapia para neoplasia de próstata. Exame proctológico: pequena elevação em quadrante anterior direito (QAD) com lesão úlcero‐vegetante de 2cm, dolorosa. Biópsia com carcinoma neuroendócrino de alto grau e positivo para CK8/18, cromogranina e sinaptofisina. Tratamento com quimioterapia e cirurgia. Após dois anos, sem recidiva de doença.
Conclusão: Os NETs anorretais são raros e seu tratamento é primariamente cirúrgico.