Área: Métodos complementares diagnóstico e terapêutica
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Neste relato, os autores descrevem o caso de um paciente com retite actínica moderada submetido a eletrocauterização bipolar. Método de baixo custo e fácil acesso.
Descrição do caso: G.M.S., 66 anos, masculino, submetido à radioterapia entre abril e setembro de 2017 para tratamento de adenocarcinoma de próstata. Compareceu ao serviço de Coloproctologia em setembro de 2018, por quadro de hematoquezia ao evacuar há 5 meses, com maior frequência nos últimos 02 meses. Referia ritmo intestinal diário. Ex‐tabagista, diabético, com história familiar negativa para câncer colorretal. Encontrava‐se em bom estado geral, com avaliação cardiorrespiratória e abdominal normais. Exame proctológico com inspeção normal, ao toque: esfincter normotônico, sem massas, mucosa lisa, com sangue em dedo de luva. Submetido à colonoscopia em 14/09/2018, que visualizou múltiplas angiectasias em reto inferior, ocupando mais de 50% da circunferência, sem sangramento ativo, sendo realizada eletrocoagulação com cateter bipolar (na potência de 10W com duração de 2 segundos cada). Retossigmoidoscopia flexível(RSF) de controle solicitada após 30 dias, notou‐se uma redução das angiectasias, ocupando 20% da circunferência, sem sangramento, sendo realizada nova eletrocoagulação com cateter bipolar.
Discussão e Conclusão(ões): A retite actínica pode ocorrer em 5% a 20% dos pacientes, submetidos à radioterapia pélvica para câncer de próstata, reto, útero, colo do útero, entre outros. Pode ocorrer até três meses do início da radioterapia e é caracterizada por um processo inflamatório apenas da mucosa. Os sintomas incluem náuseas, dor retal, diarreia, cólicas, tenesmo, urgências evacuatórias e descarga de muco. A retite aguda não aumenta o risco de retite crônica e geralmente é autolimitada com a descontinuação da radioterapia. A proctopatia actínica crônica pode começar na fase aguda, mas os sintomas surgem de 8‐12 meses após o término da radioterapia. Zinicola et al. sugeriram uma graduação endoscópica utilizando‐se três parâmetros: extensão do comprometimento retal pelas telangiectasias, porcentagem da circunferência retal comprometida pelas mesmas, assim como, a presença de sangramento. A somatória dos pontos referentes aos parâmetros define a retite em grau A ou leve (2 pontos), grau B ou moderada (3 pontos) e grau C ou intensa (4‐5 pontos). A gravidade é diretamente proporcional à dose recebida, ao seu volume, ao número de frações e ao espaçamento entre elas. Não existe consenso para o manejo desta condição. Pode‐se usar medicação para alívio dos sintomas como enema com corticoides e sulfassalazina. Dentre os tratamentos endoscópicos, citamso a eletrocauterização bipolar ou com plasma de argônio. O uso de oxigênio hiperbárico e a aplicação de formalina também já se mostraram úteis. Apesar da terapia endoscópica com o plasma de argônio ser atualmente a preferida por muitos endoscopistas, utilizamos uma técnica de baixo custo quando comparada ao plasma de argônio e com resultados semelhantes, além de fácil aplicabilidade.