Introdução: Ressecção endoscópica de mucosa (EMR) é uma técnica atualmente consolidada como forma de diagnóstico e tratamento de lesões pré‐cancerosas e carcinomas iniciais em todo trato gastro‐intestinal (1‐ 2). Este artigo tem como objetivo a apresentação de caso de lesão neoplásica in situ de grande monta em Reto Médio tratada por EMR. Serão discutidas as vantagens e desvantagens da EMR em relação à Cirurgia Aberta e à ESD (ressecção endoscópica de submucosa) para lesões neoplásicas de estágio inicial.
Descrição do caso: N.R.O., 60 anos, feminino, portadora de Obesidade Mórbida, Cirrose CHILD A, Fibrose Pulmonar, ICC, AR, HAS, DM. Encaminhada ao serviço de Cirurgia Geral por dor abdominal e hematoquezia há 1 mês. RMN de Pelve sugere lesão infiltrativa em reto médio, sem invasão de mesorreto ou linfonodos. Realizado colonoscopia a qual evidenciou extensa lesão em Reto Médio, tipo LST granular, com 5cm de extensão e distando de 5cm da borda anal, ocupando 60% da luz. Devido à alta probabilidade de lesão neoplásica precoce e alto risco cirúrgico da paciente, realizado Mucosectomia em Piece Meal e tatuagem da base da lesão. AP da lesão evidencia Adenoma Tubulo Viloso com transformação para Adenocarcinoma, sendo confirmada lesão neoplásica In Situ com margens de ressecção livre. Colonoscopia de controle com 8 meses após, exibe cicatriz em bom aspecto sem sinais de recidiva, confirmada por anatomopatológico. Paciente segue assintomático.
Discussão: Dentre as técnicas de ressecção endoscópica, a EMR, é técnica consolidada para tratamento de lesões pré‐cancerosas no TGI, apresentando taxas de recorrência que variam entre 4 ‐18% conforme exposto na literatura (1‐3). Protocolo de seguimento com colonoscopia de controle em 3‐6‐12 meses. Principais fatores associados à recorrência são diâmetro da lesão>20mm, técnica de ressecção em piecemeal e presença de carcinoma no pólipo. (1‐2). Outra técnica endoscópica terapêutica para o tratamento de lesões é a ESD. Técnica que apresenta menores taxas de recorrência em relação à EMR. Entretanto possui maiores taxas de complicações e custo elevado (1‐5). Em relação à intervenção cirúrgica, as indicações atuais são reservadas para EMR não curativa, perfuração/sangramento não tratados por colonoscopia e carcinomas invasivo.
Conclusão: Conclui‐se que a EMR pode ser utilizada como alternativa terapêutica eficaz para lesões neoplásicas precoces de cólon, sendo boa opção em pacientes não candidatos ao tratamento cirúrgico.