Introdução: As fístulas retovaginais são comunicações anormais entre o reto e a vagina. Os fatores predisponentes consistem em trauma (principalmente resultantes de cirurgias obstétricas), doença inflamatória intestinal, infecção, tumor e história prévia de radiação pélvica. Múltiplos procedimentos cirúrgicos são descritos para o tratamento e a taxa de sucesso diminui a cada tentativa de reparo adicional.
Descrição do caso: Paciente, 47 anos, sexo feminino, história de carcinoma de células escamosas de colo uterino, havia sido submetida a quimioterapia, braquiterapia e radioterapia. Seis meses após o término de tratamento, evoluiu com fístula retovaginal. Confeccionado estoma, seguido de tratamento cirúrgico da fístula com retalho de músculo grácil. Apesar de a operação ter sido tecnicamente adequada, no 63° dia de pós‐operatório apresentou recidiva de fístula. Em seguimento ambulatorial, com proposta de nova abordagem cirúrgica.
Discussão: A presença de inflamação, infecção e tecido cicatricial local torna inadequada a escolha do reparo primário no tratamento das fístulas retovaginais e está relacionado à falha de procedimentos cirúrgicos subsequentes. Os tratamentos locais com retalhos de avanço ou biomateriais são associados a taxas de recorrência relativamente altas, provavelmente devido ao volume inadequado de tecido bem vascularizado. A reconstrução através da interposição de tecidos autólogos (retalho de Martius e retalho de grácil, por exemplo) parece mais promissora por introduzir tecidos vascularizados e saudáveis, cria melhores condições para a cicatrização local e correção do defeito.
Conclusão: O manejo das fístulas retovaginais continua a ser um desafio. Independentemente da opção cirúrgica escolhida, a taxa de falha e a taxa de recorrência são elevadas.