Objetivos: Analisar a experiencia do HC/UFMG no tratamento de fístulas retovaginais.
Métodos: Revisão de literatura acerca do tratamento de fístula retovaginal e análise retrospectiva de dados referentes aos casos realizados em um hospital terciário no Brasil no período de 2005 a 2017.
Resultados: A análise dos dados, foi realizada de forma analítica e descritiva. O número total de participantes incluídos no estudo foi 43. A média de idade foi 50,07 anos. De acordo com a etiologia, observou um predomínio das actínicas (33%), seguido de pós‐cirúrgicas (17%), doenças inflamatórias intestinais e diverticulite. Em relação às abordagens realizadas, 24 pacientes (55,81%) necessitaram da confecção de um estoma (seja temporário ou definitivo) associado ou não à correção primária da fístula. Dos pacientes submetidos a tratamento específico, 38,1% pacientes necessitaram de mais de uma abordagem cirúrgica. A média de abordagens para tratamento de fístula foi de 3,6 e na maioria dos casos, sem resolução completa da fístula. A taxa de sucesso global nas pacientes que receberam algum tratamento específico da fístula retovaginal foi de 42,85%. Dentre os pacientes submetidos a abordagem via abdominal, seja por meio de retalhos de peritônio ou omento, associados ou não â ressecção intestinal, a taxa de sucesso foi 45,45%. Naqueles que receberam retalho de Martius, taxa de sucesso foi de 40% e entre os reparos endorretais, o sucesso foi de 33,33%.
Conclusão: A fístula retovaginal é uma condição de tratamento desafiador para cirurgiões colorretais e ginecologistas. Sendo assim, é fundamental que o cirurgião tenha conhecimento sobre as inúmeras técnicas disponíveis para o reparo, e que ele e o paciente estejam preparados para possíveis falhas de tratamento e a necessidade de outras intervenções cirúrgicas. As evidências disponíveis para adequada indicação das abordagens cirúrgicas são limitadas, consistindo principalmente em séries de casos.
A escolha da técnica cirúrgica apropriada para o reparo deve ser realizada após consideração da etiologia, complexidade e localização da fístula ao longo do septo retovaginal, bem como a presença de defeito concomitante do esfíncter anal externo e integridade dos tecidos locais. Além disso, deve ser dada uma consideração adicional aos resultados de estudos que sugerem que as taxas de falha aumentam drasticamente após múltiplos procedimentos falhados.