Introdução: Prolapso retal é a exteriorização do reto através do orifício anal. Está associado a condições que aumentem a pressão intra‐abdominal, transtornos anatômicos ou funcionais do assoalho pélvico e até mesmo decorrente de infecções parasitárias intestinais. Além disso, condições neurológicas como trauma pélvico‐lombar, síndrome da cauda eqüina, tumores espinhais, esclerose múltipla e mielomeningocele também estão associadas.
Descrição do caso: Paciente L.E.M., 17 anos, masculino, atendido no ambulatório de coloproctologia do Hospital do Rocio em Campo Largo‐PR, com diagnóstico de prolapso retal há 2 anos com exteriorização cada vez mais frequente. Portador de hipertensão arterial sistêmica e mielomeningocele. Cadeirante. Submetido a diversos procedimentos cirúrgicos neurológicos e ortopédicos. Ao exame físico evidenciado prolapso total de reto. Indicado tratamento cirúrgico, optado‐se pela técnica de Altemeier. O paciente teve boa evolução e segue acompanhamento ambulatorial.
Discussão: Mielomeningocele é um defeito da coluna e medula espinhal resultante do fechamento incompleto durante a gestação. O paciente apresenta inversão do reflexo anal, decorrente da preservação funcional do esfíncter interno, ao passo que o externo é completamente disfuncional. Por sua condição, a maioria dos pacientes é acamada, tornando‐se constipada cronicamente, agravando ainda mais o quadro. Condições anatômicas como má fixação posterior do reto ao sacro também são agravantes. O diagnóstico do prolapso retal é clinico. Outros exames, como colonoscopia, servem para excluir condições coexistentes. O tratamento não operatório, biofeedback, produz apenas alivio temporário e sintomático. O tratamento de escolha é operatório. A técnica escolhida neste caso foi a retossigmoidectomia perineal (Altemeier, 1952), apresentando bom resultado. Na literatura não há trabalhos mostrando estatisticamente a correlação apurada de mielomeningocele e prolapso retal, apesar de conhecida como fator causal. Também não há consenso sobre a melhor técnica cirúrgica.
Conclusão: É importante considerar a hipótese de prolapso em pacientes portadores de mielomenigocele. O tratamento é cirúrgico, sendo abordagem perineal versus abdominal discutível.