Introdução: Os tumores carcinoides são derivados das células enterocromafins com capacidade de produzir os mais diversos mediadores neuroendócrinos. São tumores raros com prevalência de 0,7 a 4,48 casos para cada 100 mil hab, perfazendo pouco menos de 0,5% de todas as malignidades. Os sítios de maior incidência são o trato gastrintestinal (67,5%) e o sistema broncopulmonar (25,3%). Dentre os tumores do trato gastrintestinal, a maioria ocorre no intestino delgado, apêndice e reto. A taxa de sobrevida global em 5 anos para tumores carcinoides, independentemente do local, é de 67,2%, demonstrando quão indolente é o tumor.
Descrição do caso: Paciente 68 anos, feminino em acompanhamento no ambulatório de coloproctologia após realização de colectomia total com anastomose ileorretal manual em 2010 devido a doença diverticular pancolônica hemorrágica. Realizou retossigmoidoscopia flexível em 2018 que evidenciou anastomose íleorretal termino‐terminal, ampla e pérvia, com discreta irregularidade, formada por pequenas nodulações puntiformes, pálidas, sugerindo hiperplasia nodular linfoide; mucosa retal lisa, sem alterações. O exame anatomopatológico mostrou fragmentos de mucosa retal contendo aspecto fortemente sugestivo de tumor neuroendócrino e depois confirmado pela imunohistoquimica.
Discussão: A localização retal do tumor carcinoide é a terceira mais comum no trato gastrintestinal, geralmente localizando‐se de 4 a 13cm da linha pectínea e representa 1,3% de todos os tumores retais. O diagnóstico de um tumor neuroendocrino retal é, na maioria dos casos, feito acidentalmente após a realização de sigmoidoscopias ou colonoscopias. A lesão encontrada pode ter características peculiares como a forma polipoide séssil, endurecida, de localização submucosa e aspecto amarelado.O tratamento é baseado no tamanho da lesão, na presença de invasão da muscular própria ou de doença disseminada. Para lesões com menos de 1cm, a excisão endoanal é o tratamento mais adequado, já que a polipectomia endoscópica apresenta uma alta frequência de recidiva quando não se utiliza o ultrassom endoscópico para estadiamentoprévio da lesão. Naqueles maiores que 2cm, as ressecções retais estão indicadas e as lesões entre 1 e 2cm devem ser tratadas de acordo com a presença ou não de invasão da muscular própria.
Conclusão: Quanto mais precoce é o diagnóstico, melhor é o estadiamento da lesão, podendo ser feito o tratamento apenas com ressecção endoscópica, como neste caso.