Introdução: O Tumor de Buschke‐Lowenstein (TBL), conhecido também como Condiloma Acuminado Gigante (CAG), é considerado como uma entidade intermediária entre o Condiloma Acuminado e Carcinoma de Células Escamosas (CEC). A incidência do TBL é de 0,1% na população geral, sendo o risco de malignização entre 30% a 56%. O CAG é uma doença sexualmente transmissível causada pelo Papilomavirus Humano (HPV), principalmente pelos tipos 6 e 11. Clinicamente, apresenta‐se como uma massa exofítica perineal em aspecto de couve‐flor e de crescimento lento, sendo localmente destrutivo. O tratamento de escolha é cirúrgico. Recomenda‐se excisão cirúrgica ampla radical e, para casos de invasão do canal anal e da região perianal, a amputação abdominoperineal.
A taxa de recorrência, após o tratamento, é em torno de 66% e a mortalidade de aproximadamente 20%.
Descrição do caso: Homem, 43 anos, solteiro, com queixa de aparecimento de lesão perianal há cerca de 2 anos. Informa ser diabético; portador do vírus da imunodeficiência humana, em tratamento regular com TARV; usuário de drogas e vida sexual promíscua. Ao exame proctológico; identificada lesão vegetante, verrucosa e coalescente de 15 x 10cm, de coloração rósea com pontos de necrose.
Foi optado, inicialmente, por tratamento cirúrgico, sendo realizada biópsia excisional com preservação esfincetriana.
Discussão: Neste relato de caso, constatamos que o CAG pode evoluir para malignização, conforme relatos da literatura, visto que o padrão histológico da peça cirúrgica foi o CEC. Diante da proximidade do TBL com o esfíncter anal, optamos por opções terapêuticas combinadas, que são bem descritas na literatura. Inicialmente, ressecamos boa parte da lesão, preservando‐se o aparelho esfinteriano, deixando uma “ponte cutâneo‐mucosa” no ânus. Após resultado do anatomopatológico, que evidenciou exérese com margens livres, porém exíguas, fizemos o seguimento do tratamento com substância imunomoduladora tópica e radioterapia.
Após 12 meses de tratamento, o paciente encontra‐se sem recidivas, e mantém acompanhamento trimestral.
Conclusão: A biópsia excisonal permite a identificação precoce de focos de malignização e o tratamento combinado (excisão cirúrgica+radioterapia+imunomodulador) pode permitir bom resultado oncológico e funcional mesmo em casos difíceis.