Introdução: Tumores miofibroblásticos inflamatórios (TMI) são lesões raras, com baixa tendência a malignidade. Caracterizados pela infiltração de células inflamatórias em diversos tecidos do corpo, o abdome ocupa o segundo lugar mais prevalente, sendo o mesentério o local mais afetado.
Descrição: Paciente feminina, 67 anos, encaminhada por desconforto em região de fossa ilíaca direita a 2 anos e massa abdominal em região hipogástrica de grande volume ao exame físico. Solicitados Alfafetoproteína, CA 125, CEA, CA 19.9 dentro da normalidade e exames de imagem. Em Tomografia de abdome visualizado lesão expansiva em raiz de mesentério/retroperitoneal pélvica, heterogênea e hipervascularizada, deslocando estruturas adjacentes sem comprometimento estrutural, com extenso contato com alças de sigmoide, provocando colabamento intestinal, sem distensão, confirmado em colonoscopia. Realizado laparotomia exploradora com retossigmoidectomia, enterectomia segmentar, pan‐histerectomia segmentar e exérese de implantes de jejuno, recebendo alta hospitalar no terceiro pós‐operatório. Análise histopatológica revelou proliferação intestinal de pequenas células redondas em tecidos Peri intestinais e Imunohistoquímica com marcadores positivos para ALK 1 e Desmina com componente celular multifocal. Segue em acompanhamento ambulatorial periódico sem novas queixas até o presente momento.
Discussão: De etiologia desconhecida, sugere‐se que TMI's sejam decorrentes de processos infecciosos, traumas ou múltiplas cirurgias pélvicas. Tem predomínio na faixa etária pediátrica e adulto jovem, sem diferença significativa entre sexos, sendo 15‐40% dos casos assintomáticos. Quando localizado em abdome, costumam estar associados a dor, perda de peso, disfagia, constipação entre outros sintomas. Apesar da baixa tendência a malignidade, crescimento lento e de não produzir metástases, tem sua mortalidade correlacionada à extensão tecidual afetada. Com manifestações clínicas inespecíficas, seu diagnóstico é basicamente histológico, sendo confirmado tambem por imunohistoquímica e análise de anticorpos para diagnóstico diferencial dos tumores malignos do trato intestinal.
Conclusão: Neoplasia pouco frequente, com quadro clinico inespecifico, dificilmente recordada antes ou durante a cirurgia, deixando seu diagnóstico reservado para estudos complementares após o procedimento.