Introdução: Os tumores neuroendócrinos são neoplasias raras e compreendem pequena parcela dos tumores malignos. Possuem comportamento indolente e poucas vezes manifestam‐se como síndrome carcinoide. Tal fato acarreta em diagnóstico tardio e, na maioria das vezes, a doença encontra‐se avançada.
Relato de caso: P.L.M., 40 anos, feminina, com sintomatologia correspondendo a uma síndrome dispéptica e prurido anal esporádico. Negava perda ponderal, alteração de hábito intestinal ou dor abdominal. Adentrou ao serviço encaminhada e com exames previamente solicitados (Hemograma, EDA e Colonoscopia). Hemograma evidenciou hb 12,6 e ferritina de 9,8, EDA com esofagite erosiva grau A de Los Angeles além de, colonoscopia com lesão de 8mm sugestiva de lesão subepitelial e biópsia. Tal biópsia era compatível com tumor neuroendócrino em íleo terminal. Solicitada imunohistoquimica que confirmou tumor neuroendócrino grau 2, com Ki67 positivo (3%), sinaptofisina e cromogranina A positivos. Diante dos achados, optado por estadiamento com tomografias de tórax, abdome e pelve e indicado tratamento cirúrgico. Optado por colectomia direita videolaparoscópica em oncologia com margens cirúrgicas livres e ausência de metástase em 29 linfonodos isolados. Durante acompanhamento, trouxe cintilografia com análogo de somatostatina que não evidenciou lesões. Paciente segue em acompanhamento e sem sinais de recidiva tumoral ou metástases.
Discussão: O tumor neuroendócrino trata‐se de um tumor derivado de células cromafins liberadoras de neuropeptídios sendo a serotonina a mais estudada. Os pacientes com este tipo de tumor podem apresentar a síndrome carcinoide, porém é incomum e muitas vezes o sintoma mais habitual será o flushing. Este se manifesta com eritema em face, pescoço e tórax de forma paroxística. Episódios de diarreia podem estar entre as queixas.O diagnóstico baseia‐se no quadro clínico e nos exames complementares, sejam eles laboratoriais ou de imagem. A cromogranina A é um dos marcadores de maior relevância. Exames de imagem serão úteis para determinar o local do tumor. Análogos de somatostatina constituem a terapia para o controle dos sintomas, porém, a cirurgia é o único tratamento curativo e definitivo para o tumor.
Conclusão: O relato descrito permite a confirmação da importância do rastreio e do tratamento precoce, uma vez que mudam o prognóstico do paciente e promovem o tratamento curativo da doença.