Introdução: A incidência de neoplasia sincrônica em pacientes com câncer colorretal é de 5%, sendo as lesões geralmente do mesmo tipo histológico. A coexistência de tumor carcinoide e adenocarcinoma colorretal é rara.
Descrição do caso: Sexo feminino, 65 anos com história de dor abdominal difusa associada a mudança do hábito intestinal com diarreia aquosa sem muco, pus e sangue intermitente e perda de 7% do peso corporal em 8 meses de evolução. Ao exame físico verificado paciente sem sinais de desnutrição e abdome doloroso à palpação flanco direito, sem massas palpáveis. Iniciado propedêutica complementar com a realização de colonoscopia que evidenciou em cólon transverso proximal lesão vegetante, infiltrativa e intransponível ao aparelho, sendo o anátomo‐ patológico compatível com adenocarcinoma moderadamente diferenciado. Realizados exames de estadiamento oncológico com evidência de espessamento de paredes de cólon transverso com linfonodos ao redor, CEA de 8,4ng/dl, sendo indicado procedimento cirúrgico. Durante o ato operatório, identificado tumoração em cólon ascendente e intussuscepção do íleo distal em ceco. Procedeu‐se a hemicolectomia direita com íleo‐transverso anastomose. Evoluiu bem clinicamente no pós‐ operatório, recebendo alta no sexto dia após a cirurgia. O anatomopatológico e a imunohistoquímica confirmaram tumores sincrônicos: adenocarcinoma de cólon ascendente (T3) e tumor carcinoide de íleo (T3), com metástase de tumor carcinóide em 8 dos 36 linfonodos ressecados. Mantém acompanhamento oncológico regular, sem sinal de recidiva da doença.
Discussão: Enquanto o adenocarcinoma colorretal é uma das três mais comuns neoplasias, os tumores neuroendócrinos do trato gastrointestinal são considerados relativamente raros, com maior incidência no apêndice cecal. A diferenciação histológica com auxílio da imunohistoquímica no pós‐operatório é importante já que o tumor neuroendócrino tem um prognóstico pior em comparação ao adenocarcinoma.
Conclusão: A associação de neoplasias colorretal com histologias distintas é um evento raro com necessidade de comprovação imunohistoquímica para um tratamento individualizado