Objetivo: Avaliar a habilidade de predizer resposta patológica completa ou quase completa com ausência de comprometimento linfonodal e seu prognóstico em pacientes considerados yT≤2N0,TRG (tumor regression grade) 1‐2 na ressonância pós‐neoadjuvância.
Métodos: Feita uma análise retrospectiva para identificar pacientes tratados na nossa instituição de maio/2012 até novembro/2015 com estádio T3‐4N0M0 ou qualquer T,N+M0 a até 10cm da borda anal ou T2N0 a até 7cm da borda anal. Pacientes foram estadiados e reestadiados oito semanas após terminar a neoadjuvância convencional (5FU+5040cGy) com exame digital, colonoscopia, ressonância de pelve e tomografia de tórax e abdômen. De acordo com o reestadiamento por ressonância, os pacientes yT≤2N0, TRG1‐2 foram comparados com pacientes não yT≤2N0, TRG1‐2, a fim de analisar predição de resposta patológica completa ou quase completa sem comprometimento linfonodal e prognóstico.
Resultados: Dentre 409 pacientes tratados, 275 foram considerados elegíveis para o estudo. O estádio inicial era: I em 6,5% dos pacientes, II em 21,1% e III em 72,4%. O reestadiamento por ressonância identificou 59 (21,4%) pacientes yT≤2N0, TRG1‐2. Todos os pacientes foram submetidos à excisão total do mesorreto com intenção curativa. A análise patológica dos espécimes mostrou 43 (15,6%) pacientes com resposta patológica completa. Resposta patológica completa estava presente em 39% dos yT≤2N0, TRG1‐2 e em 9,2% dos não yT≤2N0, TRG1‐2 (p<0,001). Comprometimento linfonodal estava presente em 9,2% e 37,5%, respectivamente (p<0,001). O tempo de seguimento médio foi de 31,4 meses. Pacientes com yT≤2N0, TRG1‐2 apresentaram maior sobrevida livre de doença em cinco anos (p=0,003).
Conclusão: Apesar de a ressonância yT≤2N0, TRG 1‐2 não poder predizer resposta patológica completa, ela pode predizer um baixo índice de acometimento linfonodal e melhor prognóstico em pacientes submetidos a excisão total do mesoreto.