Introdução: Os tumores do intestino delgado estão entre os mais raros do aparelho digestivo, representam 2% a 3% desses, e frequentemente essas lesões são diagnosticadas quando ocorrem complicações.
Objetivo: Análise retrospectiva dos pacientes com neoplasias malignas de jejuno e íleo operados nos últimos 20 anos em um centro universitário.
Métodos: Foram levantados prontuários médicos dos pacientes operados no serviço (cirurgias eletivas e de urgência), entre 1997 e 2016, analisados os dados demográficos, os procedimentos cirúrgicos, a morbimortalidade e os tipos histológicos encontrados.
Resultados: O estudo compreendeu 31 pacientes, 23 (74,2%) do sexo masculino e média de idade de 53,9 (25‐81) anos. Os principais sinais/sintomas no pré‐operatório foram: dor abdominal em 11 (35,5%); obstrução intestinal, cinco (16,1%); hemorragia digestiva, quatro (12,9%); anemia crônica, três (9,7%); diarreia, três (9,7%); perfuração intestinal, dois (6,4%) e outros, três (9,7%). Em 12 pacientes (38,7%) os tumores se localizavam no íleo, em 11 (35,5%) na transição jejunoileal e em oito (25,8%) no jejuno, em cinco casos havia duas lesões sincrônicas; 19 cirurgias (61,3%) foram de urgência e os procedimentos feitos foram: enterectomia em 25 (80,7%), ileotiflectomia em cinco (16,1%) e derivação interna com esplenectomia em um (3,2%). Não houve complicações intraoperatórias. No pós‐operatório imediato houve uma evisceração e uma obstrução intestinal, necessitou‐se de abordagens cirúrgicas, além de uma infecção da ferida operatória. Três doentes evoluíram a óbito no pós‐operatório imediato. O estudo anatomopatológico revelou os seguintes tipos histológicos: GIST em nove (29%), linfoma não Hodgkin nove (29%), tumor carcinoide seis (19,4%), adenocarcinoma quatro (12,9%), leiomiossarcoma dois (6,5%) e sarcoma de Kaposi um (3,2%).
Conclusão: A maioria dos tumores foi diagnosticada na cirurgia de urgência. Os tipos histológicos mais frequentes, nesta casuística, foram GIST e linfoma não Hodgkin, o que diferiu da literatura.