Introdução: Os tumores pré‐sacrais são raros, representando 1 caso em cada 40.000 internações hospitalares. Abrangem amplo espectro de lesões heterogêneas que variam de cistos benignos simples a massas malignas complexas que invadem estruturas pélvicas circundantes. O diagnóstico dessas lesões é geralmente um achado incidental no exame físico ou em exames de imagem, uma vez que a sintomatologia é vaga.
Descrição dos casos: Estudo retrospectivo de 6 anos com cinco casos de tumores pré‐sacrais, sendo dois do sexo feminino e três do sexo masculino. A idade média foi de 44,4 anos, com extremos de 24 e 73 anos. Os pacientes procuraram o serviço médico devido a queixas variadas: dor lombar, dor no cóccix, abaulamento em região glútea, linfadenopatia inguinal e por achado incidental em ultrassonografia vaginal. A lesão foi identificada pelo toque retal em 3 pacientes e a ressonância magnética (RNM) da pelve foi realizada em todos os casos, o que evidenciou o tamanho e as relações topográficas do tumor. O tratamento cirúrgico foi optado em todos os casos, sendo que a ressecção do tumor por via posterior foi preferida em 4 casos e a abdominal em apenas um. Os diagnósticos histológicos foram: dois schawannoma, um cordoma, um neuroendócrino e um hamartoma cístico. No pós‐operatório, dois pacientes apresentaram deiscência de ferida, um queixou de parestesia perineal e outro evoluiu com fecaloma e retenção urinária com necessidade de cistostomia. Em dois casos foram realizadas RNM após um ano de cirurgia, sendo uma normal e outra com sinais de recidiva, no qual foi encaminhado ao oncologista.
Discussão: O espaço pré‐sacral apresenta desenvolvimento embriológico complexo e é composto por diversos tecidos com potencial de desenvolver grupos heterogêneos de tumores benignos e malignos. A propedêutica de imagem pré‐operatória é essencial para a caracterização das lesões, direcionar o diagnóstico etiológico e planejamento cirúrgico. O tratamento operatório pode ser realizado por abordagem posterior, abdominal ou combinada. A escolha da via de acesso é feita considerando‐se o tamanho, a localização e as características do tumor.
Conclusão: Compreender os vários subtipos de tumores pré‐sacrais é essencial para decisão terapêutica, pois o diagnóstico incorreto ou o manejo inadequado podem resultar em morbidade significativa e resultados adversos.