Introdução: A síndrome da úlcera solitária de reto (SUSR) caracteriza‐se como uma doença rara, cuja fisiopatologia permanece incerta. Foi descrita pela primeira vez em 1829 por Cruveilhier e sua característica clinicopatológica foi relatada em 1969 por Mandigan e Morson, associa‐se a transtornos defecatórios, prolapso retal interno e alterações psicológicas. Segundo trabalhos, 26% dos paciente são assintomáticos. Quando sintomáticos, o diagnóstico pode ser feito através de exame fisico, história clínica e, muitas vezes, confirmado por endoscopia com biópsias. O tratamento depende da gravidade dos sintomas e da existência de prolapso retal associado. De acordo com a literatura, as opções cirúrgicas convencionais incluem excisão local, mucosectomia retal, retopexia e ressecção cólica segmentar. Atualmente nenhum dos tratamentos cirúrgicos convencionais parece satisfatório, devido aos índices de recorrência.
Relato de caso: Paciente do sexo masculino, 28 anos, queixava‐se de sangramento anal às evacuações havia 10 anos. Fez, inúmeras vezes, tratamento tópico para fissura anal, porém sem melhoria. Procurou atendimento proctológico e foi submetido a colonoscopia, a qual evidenciou lesão ulcerada na parede anterior do reto distal. O exame anatomopatológico foi compatível com úlcera de reto solitária. Optou‐se, no início, por tratamento conservador, com aumento da ingestão de fibras, supositórios de sucralfato e mesalazina, manteve‐se melhoria parcial dos sintomas. Submetido a sessões de cauterização da úlcera com plasma de argônio, apresentou melhoria clínica e endoscópica por curto período. Por não aderir ao tratamento clínico contínuo, evoluiu com recidiva de sangramento e mucorreia. Prosseguiu nova investigação com videodefecograma, foi diagnosticada intussuscepção colorretal com prolapso mucoso associado. Com base nesse diagnóstico, optou‐se pela sacropromontofixação.
Conclusão: Como a úlcera solitária de reto é uma patologia rara e de difícil manejo, faz‐se importante a individualização do tratamento.