Área: Doenças Inflamatórias Intestinais
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Expor o complexo desafio para a amamentação, em paciente com necessidade de medicamento de uso crônico para remissão de atividade da doença inflamatória intestinal (DII) grave.
Descrição do caso: Paciente feminina, portadora de uma apresentação grave da Doença de Crohn (DC). Foi submetida a inúmeras abordagens cirúrgicas por fístula intestinal e obstrução de íleo terminal. À princípio, foi proposta terapia medicamentosa com mesalazina e azatioprina, as quais foram substituídas por infliximabe (IFX) após a primeira intervenção cirúrgica, sendo que, após a última, foi optado por troca do anti‐TNF para Adalimumabe (ADM) no pós alta, o que a manteve assintomática até sua primeira gestação, quando a medicação foi suspensa no primeiro mês. Um mês após o nascimento a termo, sem complicações, foi aprovado o uso do Certolizumabe pegol (CZP) para DII no Brasil, de modo que foi iniciada terapia com CZP, mantendo o aleitamento materno até o sexto mês. O calendário vacinal infantil foi preservado, com ressalvas às vacinas com vírus ativo atenuado. Mãe e filho encontram‐se hígidos e assintomáticos desde então.
Discussão e Conclusão(ões): Na atualidade, com as diversas opções terapêuticas existentes, mais mulheres com DII tem‐se colocado em posição de poder engravidar, resultando em um duplo desafio: permanecer saudável para manutenção da gravidez enquanto protegem seu concepto de possíveis efeitos adversos da medicação escolhida para remissão da doença de base. O CZP apresenta um grande tamanho molecular, além da substituição da porção Fc por polietilenoglicol, de modo que não há transporte ativo da mólecula, ou seja, qualquer transferência que houver é por difusão passiva, apresentando mínimas concentrações no leite materno e, ao mesmo tempo, de difícil absorção no intestino da criança. Ao contrário do IFX e ADM, os quais, apesar de se mostrarem eficazes na remissão de sintomas em paciente com DC, apresentam transporte ativo para a placenta e para o leite materno. Dessa forma, a atualização do conhecimento no campo e a disseminação de novos linhas de pensamento são, portanto, de grande importância para garantir a implementação na prática diária e no aconselhamento, já que atitude cautelosa em relação ao tratamento medicamentoso durante a gravidez e a lactação pode resultar na suspensão da terapia necessária, e muitas vezes em risco considerável para mãe e filho. O manejo de pacientes com DC durante a lactação requer ponderar os riscos de escolher o melhor tratamento para a mãe, contra possíveis riscos para o filho através da exposição a drogas. Os pontos considerados apresentados neste relato mostram que, apesar das limitações, o tratamento medicamentoso efetivo da DC é possível com razoável segurança para a amamentação; e, uma vez, que o CZP tem uma transferência muito limitada pelo leite materno e pequena absorção intestinal pelo lactente, este agente pode ser preferido no caso de iniciar o tratamento com anti‐TNF durante a lactação.