Área: Doenças Inflamatórias Intestinais
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Relatar um caso clínico sobre o uso do infliximab como tratamento do sangramento intestinal agudo grave devido a Doença de Crohn.
Descrição do caso: Paciente masculino, 23 anos, previamente hígido admitido no pronto socorro devido a volumosa enterorragia e dor abdominal. Apresentava choque grau II. Mucosa retal apresentava processo inflamatório na anuscopia. Tratado inicialmente com hidratação endovenosa e hemotransfusões. A colonoscopia durante o internamento evidenciou pancolite severa e diagnóstico de retocolite ulcerativa grave Mayo 3. Iniciada mesalazina e corticoterapia, sendo que paciente evoluiu com distensão colônica e sinais de sepse por megacólon tóxico. Submetido a colectomia total com ileostomia terminal. No 12° pós‐operatório evoluiu com fístulas enterocutâneas de alto débito e enterorragia severa pela ileostomia com necessidade de politransfusão sanguínea, corticoterapia endovenosa e nutrição parenteral. Foi tratado clinicamente por 9 dias com necessidade de 14 unidades de concentrado de hemácias, 6 unidades de plasma e 6 unidades de plaquetas e apresentou episódios de instabilidade hemodinâmica. Realizou enteroscopia que mostrou intenso processo inflamatório difuso no íleo distal com presença de sangue e coágulos. A hipótese de doença de Crohn (DC) foi aventada e a conduta definida, devido a refratariedade da enterorragia, foi a administração de 400mg de Infliximab intravenoso. No quinto dia após o anti‐TNF cessou‐se a enterorragia e o débito das fístulas enterocutâneas diminuiu. Atualmente o paciente não apresenta fístulas, está em uso de azatioprina 200mg por dia e 400mg mensal de infliximab e sem novos quadros de enterorragia.
Discussão: O sangramento gastrointestinal grave na DC é raro. A patogênese do sangramento é incerta, a maioria é difuso e por múltiplas ulcerações amplas e profundas. Para pacientes instáveis ou com sangramentos recorrentes opta‐se pelo manejo cirúrgico, mas com o risco de o doente desenvolver síndrome do intestino curto. O uso do infliximab tornou‐se uma ótima opção pois promove altas taxas de cicatrização da mucosa intestinal sem necessidade da identificação do local preciso da hemorragia, evitando grandes ressecções intestinais e demais complicações pós‐operatórias, sendo que seu uso continuado propicia baixas taxas de ressangramento.
Conclusão: Optar por um tratamento que cicatrize a mucosa intestinal de maneira veloz é a ferramenta ideal para evitar e controlar o sangramento grave por DC. O uso do infliximab foi eficaz opção terapêutica nesse caso, evitando múltiplas ressecções intestinais.